O humorista Chico Anysio
morreu aos 80 anos hoje, após 112 dias internado no Hospital Samaritano, no Rio
de Janeiro. De acordo com o hospital, o horário da morte foi às 14h52. O
velório será sábado (24), no Theatro Municipal do Rio. O corpo será cremado no
domingo (25), em cerimônia restrita à família. Boletim médico informou que o
paciente não resistiu a uma parada cardiorespiratória e a morte ocorreu por
conta de falência múltipla dos órgãos decorrente de choque séptico causado por
infecção pulmonar.
O artista piorou no
início desta semana e, na segunda (19), voltou a respirar com a ajuda de
aparelhos em período integral. No dia seguinte, teve uma complicação renal. Na
noite de quarta (21), ele foi submetido a uma sessão de hemodiálise e
apresentou instabilidade hemodinâmica – por isso, fez uso de alta dose de
medicamentos para controlar a pressão arterial.
Seu estado foi
considerado crítico pelos médicos na manhã de quinta (22). Segundo o boletim
assinado pelo médico Luiz Alfredo Lamy, o humorista estava sedado, respirando
com a ajuda de aparelhos e foi submetido na tarde de ontem a uma punção
torácica para drenagem de um “grande hematoma pleural”.
Um dos principais nomes
do humor no Brasil, criador de inúmeros personagens e bordões célebres, Anysio
construiu uma carreira de mais de seis décadas como radialista, escritor e ator
de teatro, cinema e televisão. Continuou trabalhando mesmo após o longo período
de internação entre dezembro de 2010 e março de 2011, quando retirou parte do
intestino grosso, fez uma angioplastia e teve sucessivos problemas
cardiorrespiratórios que o deixaram em estado grave – chegou a entrar em coma
por três vezes.
Quando teve alta, em
abril do ano passado, voltou a gravar o programa semanal Zorra Total, da Rede
Globo, interpretando Salomé. Chico era casado com a empresária Malga di Paula
(seu sexto casamento) e teve oito filhos (um deles adotivo) – Lug de Paula,
Nizo Neto, Rico Rondelli, André Lucas, Cícero Chaves, Bruno Mazzeo, Rodrigo e
Vitória – com cinco mulheres, entre elas a ex-ministra Zélia Cardoso de Mello,
com quem teve seus caçulas.
Era irmão da atriz Lupe
Gigliotti (morta enquanto ele estava internado, em dezembro de 2010, vítima de
um câncer de pulmão), do cineasta Zelito Vianna e do empresário (e seu parceiro
em diversos roteiros para TV) Elano de Paula. Francisco Anysio de Oliveira
Paula Filho, o nome de registro do humorista, nasceu no dia 12 de abril de 1931
em Maranguape, no Ceará.
SOBRE DEUS
Chico Anysio tornou a sua
descrença em Deus pública em meados de 2010, ao comentar na internet a morte
por atropelamento do filho da atriz Cissa Guimarães. “Que Deus é este que deixa
que morra um menino de 18 anos?”, escreveu. “Deus é onisciente? Então ele sabia
que Rafael teria de morrer naquele dia, naquela hora e daquele modo. Sendo
assim, meus amigos, deixo à disposição de todos a minha parte de Deus porque,
se mundo está como está, prefiro ficar sozinho”.
Ele teve, depois, de
responder aos leitores que ficaram indignados com seu ateísmo – alguns partiram
para a ofensa. Anysio disse que aquela seria a última vez que falaria sobre o
assunto. Chico Anysio de fato não mais falou sobre o assunto, deixando de
revelar, por exemplo, como ocorreu o processo de sua descrença.
Em abril de 2010, após a
sua internação em um hospital, a primeira de uma sequência, Malga di Paula, sua
mulher, disse que Chico estava agradecendo as orações de fãs. O humorista teria
dito que isso é “o melhor remédio que existe na vida”. Chegou-se a questionar o
ateísmo de Chico, mas Malga nunca confirmou que a doença teria feito o seu
marido a voltar a acreditar em Deus. Na época, apesar das orações, Chico disse:
“O que me mantém vivo é o trabalho”.
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