Festa dos
Tabernáculos é comemorada por cristãos de todo o mundo nas ruas de Jerusalém
Milhares
de cristãos evangélicos de todo o mundo encheram as ruas do centro de Jerusalém
em uma demonstração de apoio ao Estado judeu. A marcha anual ocorreu durante a
festa de Sucot [Tabernáculos] que durou uma semana e reuniu cristãos vindos de
dezenas de países.
Os
evangélicos são conhecidos como fortes defensores de Israel, oferecendo ajuda
financeira e apoio político, especialmente dos EUA. Mesmo assim, suas
motivações religiosas deixam alguns judeus desconfortáveis. Israel tem cerca de
155.000 cristãos, menos de 2% de sua população atual de 7,9 milhões. “Estas são
as verdadeiras Nações Unidas”, disse a norte-americana Sheila Hakes, 41. ”Os
israelenses são nossos irmãos e irmãs, por isso devemos protegê-los do Irã e do
mal”, e acrescentou: “Jesus virá novamente aqui.”
O apoio
dos evangélicos a Israel está enraizado no chamado “sionismo cristão”,
movimento que pede o retorno dos exilados judeus para a Terra Santa, pois assim
se cumpririam as profecias bíblicas. Ao longo das últimas décadas,
figuras-chave do movimento evangélico têm pressionado os governos a darem maior
apoio a Israel.
O evento
desta semana foi organizado pela Embaixada Cristã Internacional de Jerusalém,
um ministério que deseja aproximar Israel e as comunidades cristãs do mundo. O
grupo também patrocinou uma conferência que atraiu mais de 5.000 pessoas, de
cerca de 90 países, incluindo 25 políticos representando suas nações.
Outro
grupo de destaque, a Sociedade Internacional de Cristãos e Judeus, disse que
arrecada mais de US$ 110 milhões por ano para investir em obras de caridade em
Israel. Esta forte relação acaba tendo cores políticas. O candidato republicano
Mitt Romney tem frequentemente criticado a política externa de Obama em relação
a Israel. Muitos americanos criticam a política de Obama em relação ao Oriente
Médio. O presidente norte-americano tem uma relação distante com o premiê
israelense, Benjamin Netanyahu, discordando sobre questões fundamentais, como
os assentamentos judaicos na Cisjordânia e a melhor maneira de enfrentar o programa
nuclear iraniano.
Por
outro lado, os judeus tradicionais preocupam-se com o que eles suspeitam ser a
fonte desse apoio incondicional por parte dos religiosos cristãos. Trata-se da
crença, por parte de alguns grupos evangélicos de uma batalha apocalíptica
entre o bem e o mal, onde ocorreria a volta de Jesus, e os judeus teriam de
aceitar o cristianismo ou estariam condenados.
Uri
Lupolianski, um judeu ultra-ortodoxo que foi prefeito de Jerusalém, recusou-se
a aceitar dinheiro dos fundos evangélicos, por medo de suas práticas
proselitistas. Seu sucessor, o prefeito atual, Nir Barkat, revogou essa
política, mas algum ceticismo ainda persiste.
As
relações de Israel com os cristãos também têm sido prejudicadas por uma série
de ataques recentes de vandalismo, incluindo um esta semana, quando mensagens
anticristãs foram pintadas com spray em igrejas e mosteiros.
Falando
aos jornalistas, o ministro israelense Yuli Edelstein atribuiu o vandalismo ao
trabalho de “uns poucos” malucos e agradeceu aos participantes seu apoio a
Israel. Ele disse que essa manifestação “alivia a sensação de Israel de que o
mundo está contra nós”. Leia Vaks, uma israelense de 28 anos que entregou
lanches durante o colorido desfile, disse estar satisfeito com a manifestação.
“Isso mostra ao mundo que Israel não está sozinho”, disse ela, sorrindo.
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